Jorge Cerqueira, artista figurativo de grande força e poesia no gesto.
O percurso complicado da gravura, desenho, novas-mídias, à pintura, que gerou angustias nos artistas diante do mote "volta à pintura" na década de 80, começa pelo próprio tempo a ser superado. O domínio técnico e a maturidade nas discussões completam o ciclo da reabilitação da pintura para os novos artistas. Mote que se desenvolveu em incursões no terreno da liberdade interior visando a pluralidade de meios e de linguagens, e que atendeu,neste arejamento, desde reivindicações humanas e culturais, até necessidades e imposições conjunturais politicas, econômicas e de mercado. Ambigüidades ainda não digeridas, mesmo porque não parece ser esta a proposta e sim a de, até por coerência manter em aberto a situação e as discussões. Neste terreno multifacetário, que entres outros elementos, se equivalem a visualização, o emocional, a teorização instantânea e a historicidade, o estado duplo passa a ser o fundamento da arte.
Neste tempo a pintura de Jorge Cerqueira apresenta a figuração através da exploração sensível da matéria pictórica, demarcando o universo especifico da pintura.
Estes trabalhos, impulsionados pelo gestual, emocional, projetam uma interioridade que suplanta a mera subjetividade, provocando o estado duplo, onde num processo de autonomia contextualizada o autor perde a autoria e mergulha ma poética vital coletiva.
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Joice Gumiel Passos
Membro da ABCA
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"Arte é pesquisa e conhecimento"- a frase é de Jorge Cerqueira, cuja a produção tem percorridos os refinados caminho da gravura em metal, e cálido figurativismo de uma pintura de forte acento existencial. Na gravura perseguiu prazerosamente os ecos da poesia. Leitor atento e participativo, os cantares de Fernando Pessoa, Cecilia Meireles, Adélia Prado, entre outros, ressoaram no fino desenho das tiragens gráficas, consentindo, como um desafio, em dimensionar uma pauta ilustrativa. Em período de pesquisa no Parque Lage e na oficina de gravura do SECS, Jorge Cerqueira adestrou sua vocação de impressor, colocando-se a serviço do artesanato gráfico, repleto de sutilezas e descobertas perceptivas. Concentrado no prazer, no gosto pelo resultado, desdobrou a alquimiado imprevisível, sempre numa trilha construtiva. Sendo um espírito questionador, recusou-se à demolição do passado, preferindo atuar sobre a compaixão do humano, que tem sido o sangue vital de seus organismos estéticos. Enquanto na gravura se ateve a um domínio quase conceitual do real, afastando-se voluntariamente dos enfoques cotidianos, na pintura iluminou este cotidiano a partir de estruturas aleatórias, de grandes dimensões, de humor e vibração, desembocando nem painel dramático. Diferentemente do gestualismo áspero de neo-expressionismo, cultivado especialmente pela geração 80 e pelos seguidores já superada trans vanguarda. Jorge Cerqueira reflete mais o lirismo chagaliano, desdobrando o sistema cromático em valores quentes, instituindo esquemas grupais de grande calor humano, enfatizando a fábula de encontro para a mesa, para a reza, para o diálogo - ainda que de surdos- que tem mantido a integridade de destino humano em épocas de turbulência.
Pensando ainda uma vez no destino da pintura, nesta projeção matérica que pretende retratar homem contemporâneo em toda a sua solidão e desamparo. Entenderemos que artistas como Jorge Cerqueira possuem o carisma de conduzir uma lâmpada no labirinto, gostando da revelação, e fazendo do ofício uma razão de ser e de solidarizar historicamente. Estes grandes espaços pictóricos, estas figuras que atravessam a tela como formas animadas e insones, a maneira como estas formas movem-se sobre estruturas abstratas, tornando legível a parábola contemporânea, tudo isto nos leva a reconhecer em Jorge Cerqueira um pintor vocacionado.
Walmir Ayala
.Jorge cerqueira vem correndo, caçando, olhando, observando, ouvindo e voando em busca de tudo que seja artes visuais.
debruça-se desesperadamente sobre formas uqe o levam meditar o movimento e a cor.
transpõe qualquer preconceito ou conceito de certo e errado. Invade cobiçosamente o campo da criação e deixa transparecer seus momentos de leveza, conflitos, dúvidas e dor.
Segue seu próprio caminho e aspira sempre a renovação.
Passou um ano na oficina de Gravura
sesc
tijuca testando tudo que permitisse falar plasticamente através da Gravura em Metal.
Hoje trabalha em seu próprio atelier em Cabo Frio onde reúne a gravura em Metal a todo material necessário a sua pesquisa individual.
Jorge Cerqueira destemidamente trabalha. E isso é bom para todos nós, já que vivemos dá a esperança de
.individualidades se projetando no período caótico em que vivemos.
Heloisa Pires Ferreira
Coordenadora da Oficina da Gravura do Sesc Tijuca, Rio de Janeiro
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Apreciar a figuração, marcadamente contemporânea de Jorge Cerqueira, é envolver-se no contato impactante de expressão de um artista que preserva a pureza de fundamental impulso e capacidade de criação plástica nascida com o homem.
Na criação, todo artista se ancora nas fontes e energias primevas, estruturadas e decodificadas individualmente, sem por isso, desvincularem-se da história e da dinâmica social. Alguns mergulham na erudição, outros permanecem próximos dos instintos. Não faltam se quer os gênios, como Picasso que, no meio de sofisticadas pesquisas, soube marcar reencontros com a infância, a exemplo de desenhos baseados no quadro "Déjeuner sur L'erb".
Em Cerqueira, a alegre liberdade de criar, envolvente e espontânea, faz-se presente em cada traço e pincelada, em cada quadro, gravura, desenho ou pintura.
Na sua obra, o poder da criação pulsa na sinceridade emocionada do gesto, no turbilhonte diálogo fundo figura, nos tons e entretons dos pastéis a cores saturadas, de drámatica a cenográficas, NUMA POESIA mais cinzelada do que polida cuja presença perpassa e imanta o conteúdo mais intimo de uma VISÃO solar.
Nascido no Rio de Janeiro, em comunhão com a natureza, CERQUEIRA traz de herança o sentido do espaço e a mistura da erudição com a noção da nobreza de trabalho. No enlevo da música maior à força do braço, chegou às ARTES PLÀSTICAS na qualidade de autodidata. Vocacionado para o desenho, desde criaança, recebeu o apoio do pai, sem por isso ter acesso a estudos formais na área. Mas, por DECISÃO pessoal, frequentou, mais tarde, uma série de cursos, oficinas, seminários e wokshops voltados às artes plástica, em busca de informação e burilamento.
Então no convívio com professores artistas de primeira linha, a exemplo de
astréa El-Jack, Sandro Donatello, Chalau DEveza, Heloisa Pires Ferreira, Marília Rodrigues, Charles Warson, entre outros, ele se requintou permanecendo, entretanto, fiel aos fundamentos da sua inspiração básica, ligados por estudos, trabalhos e afinidades à Escola de Artes Visuais do Parque Lage, casa referencial no CONTEPORÂNEO carioca. Artista da geração 70, CERQUEIRA conjuga, com simplicidade, um superior expressionismo instintivo e sentido, manejando-o ao nível de elemento de comunicação conceitual e simbólico.
Na pintura fluente deste aartista SINGULAR, amalgamam-se vários complexos componentes de LINGUAGEM plástica. Um dos mais notáveis é o GESTO, frequentemente automático na criação de padrões de traços e pinceladas. ABSTRATO na expressão - amiúde autônomo o universo resultante dessa gestualização funde-se integro à figura, colocando-se face-a-face com novos e dinâmicos desafios e soluções de equilíbrio. A figuração, por sua vez, composta de signos e anotações taquigráficas, mistura heterogênea de despojamento sintetizante e segmentos simbólicos, similares à arte RUPESTRE, remete a níveis atávicos do subconsciente, fazendo surgir, nos entornos, conceitualizações inesperadas. Obra INSTIGANTE, essa de Jorge Cerqueira, carregada de instinto e emoção, mas também fundamentada na CONTEMPORANEIDADE.
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Georges Racz
Membro da Associação Brasileira de Críticos e da associação Internacional de críticos D'Art
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Jorge Cerqueira, artista figurativo de grande força tem a poesia no gesto.
Suas formas refletem momento de encanto no amor como também np mundo bucólico dos animais.
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Ester Emilio Carlos
Crítica de Arte
Setembro de 1984
10.000 DIAS EM CABO FRIO / Jorge Cerqueira A obra de Jorge Cerqueira é sua linha de encontro e de sentido com a vida. São anotações, registros documentos íntimos e , apaixonados de seus dias. Jorge Cerqueira desenha, pinta e grava o que vivencia interiormente, sem linearidade, numa espiral emotiva, simbólica, insatisfeita, para depois, ainda, recitar Fernando Pessoa. Uma obscuridade interior à luz do meio dia, quase sempre barroco, ora agônico, ora feliz, sempre poético, traduz, em seu trabalho, desde o holocausto de Hiroshima, o carnaval deCabo Frio, até o seu amor por Betinha. Sua obra descreve seu sentimento e sua alma de forma visível, acrescenta realidade ao mundo e, sobretudo, realiza a celebração do amor. Expressionista, intimista, original e enérgico, libera através de uma profusão de imagens, situações e motivos, o gesto e a cor. Sua obra, como fruto de uma experiência pessoal, integra a tradição mais lírica e musical da figuração poética e simbólica. Carioca do Parque Lage, do MAM e que se tornou cabofriense desde 1987, celebra através de seu trabalho esta vivência. 10.000 dias em Cabo Frio é o registro da produção e da maturidade da obra de Jorge Cerqueira, é a síntese visual de sua história como homem e como artista. Somos gratos a Jorge Cerqueir
Joice Gumiel Passos
membro ABCA/AICA
2014
Conheço Jorge Cerqueira desde 1984. Estudamos pintura no MAM-Rio de Janeiro-RJ. Isso foi bem no começo. Boas conversas e muita vontade de aprender. Bons tempos. Bons ventos que sopraram por lá e que levaram o artista pelo mar de uma intensa figuração muito própria e livre. Envolvida por nuances e imagens lúdicas. Jorge Cerqueira pinta, desenha e grava em metal e madeira. Ele é um criador compulsivo. Faz cabeças, animais, cenas, sonhos, pássaros, bicicletas. Tudo em um colorido muito elegante e sincero. Assim ele faz nascer essas figuras recheadas de carga expressiva. O caos, a aparência do cotidian , ue nas palavras do artista são a fonte de sua o q inspiração para processo e ritmo de trabalho. São figuras nascidas em um expressionismo estruturado abaixo da linha do Equador. Expressionismo de calor, vento e mar. Expressionismo Atlântico. E é mais precisamente em Cabo Frio, cidade de praias lindas, que ele vive e tem seu ateli r,ê onde isto acontece de forma densa. Tudo se dá em processos tradicionais de pintura, gravura, desenho e colagem. Morando em Cabo Frio há 10 000 . dias! Ou em em outros números, algo como 27 anos consecutivos. Jorge Cerqueira foi vencedor em 2013 do edital de arte PROEDIPrefeitura de Cabo Frio e Secretaria de Cultura. E Municipal C para esta mostra ele faz um traçado desses 30 anos de muito trabalho e pesquisa. O expectador poderá contemplar na mostra as diversas bem elaboradas tentativas de um artista , que trabalha sua figuração com a alegria de um menino sonhador! Arte é sempre uma tentativa !
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Augusto Herkenhoff - artista plástico.
O percurso complicado da gravura, desenho, novas-mídias, à pintura, que gerou angústia nos artistas diante do mote “volta à pintura” na década de 80, começa pelo próprio tempo a ser superado. O domínio técnico e a maturidade nas discussões completam o ciclo da reabilitação da pintura para os novos artistas. Mote que se desenvolveu em incursões no terreno da liberdade interior visando a pluralidade de meios e linguagens, e que atendeu, neste arejamento, desde reivindicações humanas e culturais, até necessidades e imposições conjunturais políticas, econômicas e de mercado. Ambigüidades ainda não digeridas, mesmo porque não parece ser esta a proposta e sim a de, até por coerência, manter em aberto a situação e as discussões. Neste terreno multifacetário, que entre outros elementos, se equivalem a visualização, o emocional, a teorização instantânea e a historicidade, o estado duplo passa a ser o fundamento da arte.
Neste tempo a pintura de Jorge Cerqueira apresenta a figuração através da exploração sensível da matéria pictórica, demarcando o universo específico da pintura.
Estes trabalhos, impulsionados pelo gestual, emocional, projetam uma interioridade que suplanta a mera subjetividade, provocando o estado duplo, onde num processo de autonomia contextualizada o autor perde a autoria e mergulha na poética vital coletiva.
Joice Gumiel Passos
Membro da ABCA
